Brasília – Criados para reduzir e prevenir as perdas e
desperdícios de produtos, os bancos de alimentos serão tema de encontro
nos dias 23 e 24 deste mês, em Brasília. Promovida pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), a I Mostra de Experiências de Bancos de Alimentos
pretende valorizar as experiências cotidianas e estimular o
protagonismo local dos gestores e beneficiários dos bancos, além de
contribuir com a reflexão e constante melhoria nas ações desenvolvidas
no país.
Os bancos de alimentos atuam no recebimento de doações de produtos
considerados fora dos padrões para a comercialização, mas adequados ao
consumo. Os alimentos são repassados a instituições da sociedade civil,
como creches, escolas, asilos e hospitais. Atualmente, o país conta com
221 bancos que atendem 10,2 mil instituições, beneficiando 4 milhões de
pessoas.
“A mostra permitirá o compartilhamento de experiências de trabalho
que cada banco realiza e possibilitará que participantes reflitam sobre
suas ações e práticas, buscando melhorias”, afirma a coordenadora-geral
de Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional do MDSA, Kathleen Machado.
Na mostra, representantes de 12 iniciativas de diferentes regiões do
país apresentarão suas experiências. Além disso, 50 trabalhos serão
expostos em pôster. Os temas debatidos serão práticas alimentares
saudáveis, planejamento, gestão e monitoramento, o papel dos bancos no
combate à insegurança alimentar e o impacto do desperdício de alimentos.
O evento será realizado em parceria com Embrapa, Mesa Brasil Sesc,
ONG Banco de Alimentos, Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul
e Associação Prato Cheio. A programação inclui também mesas-redondas,
minicursos, mostra permanente, espaços para apresentação e discussão de
experiências.
Programa – Criado em 2003, o Programa Banco de Alimentos, do
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, é uma das principais
políticas públicas brasileiras para a prevenção e redução do desperdício
de alimentos.
Os bancos exercem papel importante na articulação intersetorial das
ações de Segurança Alimentar e Nutricional, uma vez que apoiam o
abastecimento alimentar local por meio da integração com outros
programas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
Segundo Kathleen Machado, o Brasil ainda tem que avançar na
área. Um dos desafios é a elaboração de uma metodologia para diagnóstico
de quanto se realmente desperdiça e se perde de alimentos no país.
“Nossa expectativa é avançar no debate, trazer mais atores para fazermos
um trabalho mais cooperativo e articulado, dando mais eficiência à
política pública. Queremos formar um comitê nacional para a redução e
prevenção de perdas e desperdícios de alimentos”, destaca.
Preocupação mundial – Cerca de 30% de tudo o que é produzido
no mundo é desperdiçado e perdido antes de chegar à mesa do consumidor.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO), isso gera um prejuízo econômico estimado em US$ 940 bilhões por
ano, o que corresponde a cerca de R$ 3 trilhões.
A redução de perdas e desperdícios de alimentos está inserida como
meta do Plano de Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome da
Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da Agenda
2030 – plano com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169
metas.