A biomassa será o combustível da primeira cooperativa de geração distribuída de energia renovável
do
Paraná. A Cooperativa de Energia Paraná 1 vai inaugurar um novo momento
na legislação regulatória da geração energética no país. Fundado em
janeiro de 2017, o empreendimento da Ecoperativas – Cooperativas de
Energia ainda não está em operação, mas já é inovador
ao propor um novo modelo de negócio, que pode viabilizar a mini e micro
geração distribuída de energia, como aquela que ocorre dentro das
propriedades rurais por meio de biodigestores, que processam resíduos
animais e vegetais para geração de biogás.
Entre
2009 e 2012, era possível vender a energia excedente gerada na
propriedade, recebendo um valor fixo por kWh injetado na rede da
empresa concessionária de energia elétrica. Esta era uma possibilidade
interessante, por permitir a remuneração dos produtores de energia
renovável. No Paraná, um dos casos mais conhecidos do uso deste modelo
foi na Fazenda Colombari, localizada em São Miguel
do Iguaçu (região Oeste), que conseguia vender a energia gerada pelo
processo de biodigestão dos dejetos de uma granja suína.
Esta
possibilidade de venda direta da energia foi encerrada em 2012, com a
publicação da Resolução Normativa (RN) n.º 482/12, da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esta medida estabeleceu as regras
para a Geração Distribuída (GD), com a possibilidade de gerar créditos
com a injeção da energia excedente na rede. Esses créditos energéticos
poderiam ser consumidos em até 36 meses apenas
pelo mesmo CPF/CNPJ.
A
medida foi revisada em 2015 pela resolução 687/15, da Aneel, na qual
está prevista a modalidade de “Geração Compartilhada”,
por meio da qual o gerador de energia pode compor um consórcio ou
cooperativa com outras pessoas físicas ou jurídicas, com CPF e CNPJ
distintos, com o qual os participantes que não geram energia “arrendam” a
unidade geradora para utilizar a eletricidade excedente.
“Não consiste numa compra propriamente dita da energia colocada na
rede, mas é possível prever em contrato uma remuneração pelo
arrendamento e pela performance da geração para o produtor”, explica
Rafael Gonzalez, diretor de desenvolvimento tecnológico do
Centro Internacional de Energias Renováveis–Biogás (CIBiogás),
instituição paranaense que desenvolve tecnologias para o setor de
biogás.
A
geração de energia elétrica pela biodigestão de resíduos animais ou
vegetais, por meio da produção de biogás, tem
grande potencial no Paraná, que reúne o maior plantel suíno do país.
Além disso, a expertise técnica está consolidada nesta área, com a
atuação do CIBiogás, entidade vinculada à Itaipu, que tem entre seus
parceiros a FAEP.
Existem
diversas iniciativas bem-sucedidas de geração de energia em
propriedades rurais por meio do biogás. Nesses
casos, a produção também elimina o problema da destinação
ambientalmente correta dos dejetos dos animais, tornando a alternativa
duplamente interessante. Porém, até o momento não há nenhum modelo de
cooperativa de energia gerada a partir do biogás.
De
acordo com o presidente da Ecoperativas, Rui Alexandre Sabatke
Gutierrez, o biogás poderá ser o combustível da próxima
cooperativa de energia da empresa, uma eventual Paraná 2. “Sou fã do
biogás. Ele limpa o efluente das propriedades, gera biofertilizante,
gera energia, ou seja, gera recursos utilizando um passivo ambiental”,
afirma.
Para
a instalação da primeira usina geradora, que utilizará biomassa
lenhosa, a Ecoperativas realizou estudos para identificar
o melhor local, onde há disponibilidade de matéria-prima. A localização
exata da planta no Paraná, que terá capacidade para gerar até 1 MW,
ainda é confidencial, segundo a empresa, por questões estratégicas.
Segundo
Gutierrez, a partir do momento em que estiver operando, a usina irá
injetar energia na rede da Companhia Energética
do Paraná (Copel), que poderá ser consumida em diversos pontos do
Estado, por qualquer um dos 20 cooperados fundadores, que têm CPFs e
CNPJs distintos entre si, como comerciantes e residências. Fonte:
Boletim Informativo FAEP n. 1395 10/7 a 16/7/2017