quarta-feira, 17 de maio de 2017

Boletim Comunicação e Informação nº 190


ROTA DO CHIMARRÃO MOSTRA HISTÓRIA DA BEBIDA E ENSINA A PREPARAR

Símbolo da tradição do Rio Grande do Sul, o chimarrão é uma herança cultural dos índios guaranis e se manteve presente no dia-a-dia dos gaúchos.
Atualmente, estima-se que 11 milhões dos que residem no estado consumam essa bebida simples, feita apenas de água quente e erva-mate, mas cheia de truques que a tornam especial.
Para quem visita a região, tomar chimarrão é uma da vivência turística, uma espécie de ritual.
Para completar a experiência, os turistas podem se aprofundar no assunto na ?Rota do Chimarrão?, na cidade de Venâncio Aires, considerada a ?Capital Nacional do Chimarrão?.
Localizada na Região do Vale do rio Pardo, a 130 km de Porto Alegre, o município de apenas 65 mil habitantes produz cerca de 3,5 mil toneladas de erva-mate por ano. A movimentação econômica gerada por esta produção rendeu à cidade não só o título de capital da bebida, como também a criação da Fenachim (Feira Nacional do Chimarrão).
Veja abaixo alguns passeios para conhecer a tradição do chimarrão:
Escola do Chimarrão
Parece fácil, mas o preparo da bebida tem várias artimanhas e nessa escola os visitantes podem participar de uma aula para aprender a fazer até 36 tipos diferentes de chimas, como é carinhosamente chamado por lá.
Mas entre o preparo e o momento de consumir o chimarrão, há outras informações importantes que também são repassadas aos participantes, como as regras de etiqueta para compartilhar o mate. Além dos ensinamentos, quem faz o tour conhece a história, o processo de fabricação e os dez mandamentos do chimarrão. 
Casa do Mate
Depois de aprender a história e dominar todo o processo de produção do chimarrão, quem quiser levar para a casa essa tradição, vai precisar dos utensílios corretos. Por isso, a dica é passar na Casa do Mate, logo na entrada de Venâncio Aires.
Cuias, bombas, térmicas, erva de diversos fornecedores e suvenires estão à venda para os fãs de chimas.
Museu agrícola
Neste museu, os visitantes poderão ver as peças antigas utilizadas na lavoura e nas casas dos homens que trabalhavam na roça. Ali se preserva o trabalho dos colonizadores que fizeram de Venâncio Aires sua terra.
Com belas paisagens e animais de fazenda, o passeio complementa a Rota do Chimarrão com clima rural.
Chimarródromo
Na Praça Thomaz Pereira, ao lado da Igreja São Sebastião Mártir, está o monumento que é um dos principais cartões-postais de Venâncio Aires.
 
A escultura em metal reproduz uma cuia, mas também auxilia no preparo dessa bebida típica. Em seu interior há uma esfera de metal com serpentina, que faz com que haja o fornecimento de água quente e fria nas torneiras localizadas nos suportes do monumento. Fonte: Emater/RS (foto: Kátia Goretti Dias Vazzoller/Flickr-CreativeCommons)
 
ANALISE DO PRONAF
PRONAF 2016/2017 deve apresentar queda de 100 mil contratos e um aumento de 2,5% nos recursos aplicados. Juros para a Safra 2017/2018 podem subir.
De julho de 2016 a abril de 2017 o Pronaf aplicou R$18,7 bilhões em 1.324.932 contratos, uma queda de 90 mil contratos e um aumento de R$450 milhões comparados ao mesmo período da safra 2015/2016 quando foram realizados 1.415.246 contratos e aplicados R$18,25 bilhões.
Estes números projetam uma queda de 100 mil contratos para o Plano Safra 2016/2017 e um crescimento de 2,5% no valor aplicado. Até junho deverão ser realizados 1,6 milhões de contratos e aplicados R$22,5 bilhões.
A redução no número de contratos tem se concentrado nas operações de investimento, queda de 70.000 contratos e de R$900 milhões, concentradas no Programa Mais Alimentos.
Para a próxima safra o Ministério da Fazenda quer elevar os juros de 2,5% de algumas linhas do PRONAF para custeio e investimento para 5,5%.
O montante a ser anunciado deve ficar entre R$26 e R$28 bilhões para a fonte PRONAF mesmo porque os recursos aplicados nesta safra ficarão aquém do R$26 bilhões fonte PRONAF projetado. Os R$4 bilhões do PRONAMP projetados só tem utilidade de marketing no anuncio do Plano Safra. Até agora o valor utilizado tem sido muito pequeno, R$4,5 milhões em 129 contratos na safra 2016/2017.
 
 
ALESC DERRUBA O VETO DO PL QUE DESTINA AOS AGRICULTORES RECURSOS PARA AQUISIÇÃO DE PLACAS DE ENERGIA SOLAR
A ALESC derrubou o veto que destina aos agricultores recursos para aquisição de placas de energia solar em suas propriedades. O veto foi derrubado por 22 votos a favor e 8 contrários.  A idéia do Deputado Aldo Schneider é reduzir os custos nas propriedades rurais do estado.
Entenda o Projeto de Lei;
São recursos financeiros vindos das Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC) que já destina 10% do faturamento para o Programa de Eficiência Energética nas unidades consumidoras do estado. O objetivo do programa é promover o uso eficiente e racional de energia em todos os setores da economia por meio de projetos que demonstrem a importância e a viabilidade econômica de ações de combate ao desperdício e de melhoria da eficiência energética de equipamentos, processo e usos finais de energia,
A ideia seria reduzir  custos do agricultor na propriedade rural. Para o Deputado Aldo a principal vantagem deste sistema é que a energia solar é renovável. "A primeira e principal vantagem da energia solar é que ela é renovável, pois o calor do sol ainda permanecerá ativo durante alguns bilhões de anos. Assim, toda produção de energia que conte com a utilização da radiação solar não terá preocupações quanto à sua finitude, ao contrário do que ocorre com outras fontes." Comentou o Deputado.
Além disso, a produção não se esgota, uma vez que depende apenas de exposição solar, que uma vez produzida, também poderá ser utilizada em todo o núcleo rural: casas, depósitos, ranchos, levando para o agricultor grande economia e maior rendimento financeiro de sua propriedade.
Além da economia na conta de luz o Agricultor vai contribuir ainda mais para a preservação do meio ambiente.
 
PROCESSO SELETIVO DE CANDIDATOS PARA O CURSO DE MESTRADO EM AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL - PPGADR
 A UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS, esta com as inscriçõesabertas para o Processo Seletivo de candidatos a vagas para o Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável (PPGADR), com ingresso em 2017.2.
Para maiores informações, acessar o edital: www.uffs.edu.br/atos-normativos/edital/gr/2017-0448
 
IBRAFE REALIZA V FÓRUM DO FEIJÃO, PULSES & COLHEITAS ESPECIAIS
Após o sucesso de público e de repercussão do Fórum do Feijão dos últimos anos, o Instituto Brasileiro do Feijão & Pulses (Ibrafe) vai realizar, entre os dias 21 e 23 de junho, o V Fórum do Feijão, Pulses & Colheitas Especiais. O evento, que acontecerá em Campinas, no estado de São Paulo, vai reunir toda a cadeia produtiva, além de palestrantes e expositores internacionais.
A cadeia produtiva está ansiosa para mais uma vez interagir e evoluir na discussão das alternativas que se abrem ao mercado de Pulses do Brasil. Todos os envolvidos buscam as novas alternativas e perspectivas para a produção, a exportação, o posicionamento no mercado e a comercialização do Feijão.
 ?O Fórum vem ganhando importância a cada ano. A quantidade de produtores permite que aconteça a troca de informações, algo que não existia neste nível. Há produtores de todo o Brasil. Além disso, ter acesso aos pesquisadores que estão desenvolvendo novas variedades e novas tecnologias e que esclarecem como implementar o seu uso tem sido um novo diferencial?, declarou o produtor de Cristalina, Goiás, Rafael Lawson.
Em 2017, durante o Fórum do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais, o Ibrafe vai promover uma ampla discussão e cooperação em nível internacional para aumentar a consciência e a compreensão dos desafios e das oportunidades de toda cadeia produtiva. Há duas grandes novidades para esse ano. A primeira é que o Fórum do Feijão se tornará internacional, trazendo, além de palestrantes de outros países, seus importadores e seus exportadores. E, devido à grande presença de produtores, técnicos e engenheiros agrônomos, será dada especial atenção às questões técnicas da produção.
 ?A demanda por informação técnica é crescente. Os produtores de Feijão tem a cada dia novos desafios no campo. Pragas, solos, adubação e sementes ocupam o dia a dia. As informações que traremos aos produtores são exatamente na medida que o setor precisa?, destacou o presidente do conselho do Ibrafe, Marcelo Eduardo Lüders.
INSCRIÇÕES 
As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo site www.forumfeijao.com.br. No site do Fórum os interessados encontram ainda informações sobre as últimas edições, contatos de hospedagem, além da programação completa. 

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Gazeta do Povo | Feira de orgânicos da UFPR ganha novo espaço e aumenta oferta de produtos

Por Amanda Lüder

O espaço, inaugurado nesta terça (11), fica no Campus do Setor de Ciências Agrárias, em Curitiba, e vende frutas, verduras, legumes, pães, bolos, entre outros

A tradicional Feira de Alimentos Orgânicos da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, inaugurou um novo local nesta terça (11) e aumentou a oferta de produtos à venda. Agora, além de frutas, verduras, legumes, pães, bolos e outros alimentos, também são vendidos derivados de leite, ervas medicinais e PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), como a azedinha, produzidos por pequenos agricultores da região metropolitana de Curitiba.

A Feira de Orgânicos é aberta à comunidade, com preços cerca de 60% mais baratos que o mercado, segundo os organizadores. O objetivo é incentivar o consumo consciente de produtos orgânicos e apoiar a produção dos agricultores familiares. O atendimento aos clientes é feito por esses produtores, com o auxílio de estudantes de diferentes cursos da Universidade.

O Espaço Agroecologia é uma construção de bambu localizada no Campus do Setor de Ciências Agrárias da Universidade, e funciona como sede da feira todas as terças, das 7h às 13h.

Desde 2010 a feira era realizada na entrada do prédio da direção do Campus do Setor Agrárias, mas não tinha estrutura adequada para as vendas. Com a mudança, a feirinha ganhou um espaço próprio, que promete receber também apresentações culturais, feiras de adoção de animais, entre outros eventos socioculturais.

“A inauguração desse espaço é um importante gesto de valoração do agricultor familiar agroecológico, reforçando a crescente importância que a produção de alimentos saudáveis vem adquirindo no contexto da vida diária não só no campo, mas também na cidade”, comenta o engenheiro agrônomo João Carlos Zandoná, diretor do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA).

Link para a matéria completa: http://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/feira-de-organicos-da-ufpr-ganha-novo-local-e-aumenta-oferta-de-produtos/

Agricultura familiar e Agroecologia: não o problema, mas a solução

[Imagem: CC0 Public Domain/Pexels]
O pequeno agricultor orgânico ou agroecológico não é o problema. Ele é a solução. Tempos houve em que o homem do campo comparecia ao armazém da vila só para comprar fósforo, querosene, sal, fumo de corda, pinga e tecido para costurar sua própria roupa. O agricultor também deixava com o comerciante parte do dinheiro da venda de seus produtos em forma de empréstimo; o comerciante usava este dinheiro como capital de giro a juros bem mais suaves do que pagaria para o banco. E, digamos de passagem, hoje tanto o comerciante quanto o agricultor estão enterrados em dívidas com os bancos — enquanto a fome impera nas grandes plantações.
A produção era diversificada. Os agricultores produziam pequenos animais para o abate e animais de porte maior para o trabalho e fornecimento de leite. Tinham por tradição manter um pomar, uma horta e uma reserva florestal perto do riacho ou nascente para que o gado tivesse sombra e água fresca.
Quando se abatia um porco, por exemplo, só se perdia o grito e o pelo do animal. Chegava-se ao capricho de desossar e colocar os ossos junto ao fogo, dentro do fogão à lenha — esse material, depois de queimado, virava farinha de osso para alimentar os animais. As cascas dos ovos de galinha também eram torradas no forno e transformadas em cálcio para o trato da terra e dos animais. Já os resíduos não aproveitáveis para consumo humano ou animal viravam alimento para as minhocas, que renovavam o solo.
A propriedade produzia cana de açúcar, milho, feijão, batatinha, arroz, mandioca, trigo e outras variedades. O desperdício chegava a quase zero — e isso permitia uma maximização da economia agrícola.
Mas para que tal diversidade fosse possível apenas com a mão de obra familiar, sem mecanização, a extensão de área cultivada não podia ser muito grande. O número de filhos sempre era expressivo, pois eles tornavam-se mão de obra quando crescidos. Os mais velhos saíam da família para constituir nova família; e logo vinham os mais jovens para substituir a mão de obra carente.
Infelizmente, as políticas públicas foram totalmente orientadas para as necessidades urbanas, em detrimento das demandas do campo. O mundo rural, assim, foi abandonado à sua própria sorte. Diante deste absurdo político da administração pública das últimas décadas, o agricultor foi desamparado — e iludido a viver na cidade. Pensou nos seus quatro ou cinco filhos ganhando, junto com a mulher e ele próprio, um salário mínimo cada um. E, somando tudo, pensou que ficaria rico em pouco tempo . Ou que, ao menos, seus rendimentos seriam maiores do que eram no campo.
Ao migrar para a cidade em busca do paraíso urbano, porém, muitos agricultores viram suas famílias destroçadas pelas drogas e choraram a dura sorte com saudade do tempo quando eram felizes e não sabiam. Outros procuram abrigar suas esperanças de retorno, aguardando pela encantada reforma agrária debaixo da lona preta dos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Mas, nessa breve história, três perguntas precisam ser feitas: (1) Será que a volta a este sistema de agricultura familiar é viável? (2) Esse retorno não seria um retrocesso, tendo em vista o crescimento populacional que exige cada vez maior produtividade com tecnologia moderna e avançada? (3) E será que querer voltar à agricultura familiar é um saudosismo romântico? A resposta para todas elas é sim e não. Analisemos cada uma dessas questões:
1. Será que a volta a este sistema de agricultura familiar é viável?
Sim, a viabilidade da agricultura familiar passa pela produção com orientação agroecológica, que por sua vez demandará uma reforma agrária para disponibilizar terras aos que querem voltar para a agricultura de base familiar.
Não, se continuarmos atrasando o processo da reforma agrária e não investirmos na vocação orgânica ou agroecológica do que ainda resta de agricultura familiar. E, é claro, não avançaremos se não adotarmos políticas orientadas a estancar a migração do campo para cidade.
2 . Esse retorno não seria um retrocesso, tendo em vista o crescimento populacional que exige cada vez maior produtividade com tecnologia moderna e avançada?
Sim, é evidente que o crescimento demográfico exige cada vez maior produção de alimentos. É exatamente por isso que não se explica a expulsão do homem do campo para dar lugar à expansão da grande lavoura modernizada — uma vez que é a agricultura familiar que abastece a cidade. Que bom seria se houvesse uma produção programada a partir de um planejamento social considerando o crescimento demográfico; e não apenas a expansão do capital pelas vias do agronegócio.
Não, porque quem produz e abastece as cidades não é o agronegócio, fruto da expansão do capitalismo ao campo, da revolução verde, da modernização da agricultura baseada na vocação agroexportadora. É nesse contexto que se aplicam as técnicas agrícolas modernas — com o intuito de produzir cada vez mais em cada vez menos tempo, degradando solo e natureza e sem abastecer a população urbana nacional com alimentos de boa qualidade nutricional e ambiental.
Quem realmente atende à demanda do crescimento demográfico é a agricultura familiar. Afinal, é ela que produz alimentos para consumo interno e que está cada vez mais pressionada a deixar o espaço para a grande lavoura agroexportadora.
Outro absurdo é pensar que o crescimento demográfico é responsável pela concentração urbana. A maior responsabilidade da concentração urbana recai sobre a migração do campo para a cidade. Se toda esta gente — que muitas vezes foi literalmente expulsa do campo ou migrou alimentando a ilusão de que ganharia mais diante do parco rendimento da sua lavoura — tivesse ficado no campo, não teríamos a explosão demográfica urbana. Teríamos um crescimento populacional equilibrado no campo e na cidade. Tradicionalmente, o camponês saía em busca de terras para seus filhos em novas fronteiras agrícolas, para que não precisasse se aventurar na cidade em busca de emprego. E, pior, esta gente que foi desestimulada em sua atividade agrícola hoje faz falta no campo — e passou a consumir em vez de produzir alimentos.
3. E será que querer voltar à agricultura familiar é um saudosismo romântico?
Sim, quem não sente saudade dos bons tempos? O romantismo conta com o sentimento humano e tanto provoca a saudade como curte a saudade daquilo que deu certo e que fez bem.
Não, não é tanto o saudosismo romântico dos tempos passados que nos move a querer recuperar o tempo perdido, recuperar o que foi destruído. Sabemos que nunca será igual. Mas sabemos também que se não voltarmos à agricultura familiar e, agora mais do que nunca, sob a orientação agroecológica, não conseguiremos evitar o colapso do inchaço urbano cada vez menos sustentável.
É improdutivo pensar em sustentabilidade urbana sem uma reforma no campo. Afinal, o sustento da cidade se encontra no campo. Se enfraquecemos ou eliminamos a pequena agricultura familiar orgânica, a cidade morre de fome ou envenenada pelo agrotóxico da produção em grande escala. Isto é tão simples e lógico — que até uma mosca sabe distinguir a margarina da manteiga natural fazendo seu pouso no alimento natural e saudável.
Já quanto ao crescimento demográfico, até os ratos em sua tradição de vida nos dão de dez a zero. Normalmente, o chefe ou cacique da população dos ratos possui de dez a doze fêmeas e ele só emprenha todas elas se souber que existe alimento suficiente para toda população que será gerada. Se perceber que existe pouco alimento disponível, ele limita-se a reproduzir apenas com duas de suas fêmeas.
E o que dizer de nós, que não nos orientamos por um planejamento familiar consistente e tampouco por um planejamento agrícola racional? Nosso planejamento se aplica para da expansão do capital, mas não para a sustentação da família humana.

Gernote Kirinus
Teólogo e filósofo, é pós-graduado em antropologia filosófica e sociologia política. Atualmente trabalha como pesquisador do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA) na área da ética e epistemologia.

terça-feira, 2 de maio de 2017

Rede Brasileira debate estrutura dos Bancos de Alimentos

Brasília – Qual deve ser a estrutura mínima de um Banco de Alimentos? A Rede Brasileira de Banco de Alimentos está discutindo quais são os procedimentos que devem ser adotados para que uma unidade seja reconhecida como Banco de Alimentos. A proposta ainda em estudo estabelece como limite máximo de alimentos recebidos e repassados pelo Banco de Alimentos o valor de 75% dos alimentos vindos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
A sugestão deverá sair por meio de uma instrução normativa do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). “A proposta principal determina ainda uma equipe mínima com um responsável técnico de nível superior, uma equipe administrativa e uma operacional”, explicou a analista de políticas sociais do ministério, Erica Andrade.
Na última terça-feira (7), representantes de bancos de alimentos do país se reuniram em Brasília para discutir o tema. A XI Mesa de Diálogo da Rede Brasileira de Bancos de Alimentos reuniu o Sesc Mesa Brasil, a Associação Prato Cheio (SP), a Rede Metropolitana de Banco de Alimentos de Minas Gerais, a Rede Leste de Banco de Alimentos (MG), a Rede Sul de Banco de Alimentos (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul/Fiergs) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na ocasião, foram discutidos também os indicadores de monitoramento para os Bancos de Alimentos. “Os indicadores permitem demonstrar à sociedade o resultado das atividades desenvolvidas pelos bancos de alimentos. Possibilitam maior transparência para que possamos aprimorar essa importante política pública”, destacou a coordenadora-geral de Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional do MDSA, Kathleen Machado.
Atuação – A Rede Brasileira de Bancos de Alimentos foi criada para fortalecer e integrar a atuação dos bancos de alimentos e, assim, contribuir para a diminuição e prevenção do desperdício de alimentos e para a garantia do direito humano à alimentação adequada.
Podem participar os bancos de alimentos sob gestão dos governos federal, estaduais ou municipais, as Centrais de Abastecimento e as organizações da sociedade civil. As instituições públicas federais de ensino ou pesquisa que desenvolvem estudos e tecnologias sobre bancos de alimentos e outras instâncias do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) também podem integrá-la.
Atualmente, existem 249 bancos de alimentos identificados pela rede. Desses, 83 foram financiados pelo MDSA. Há previsão de entrega de mais 25 unidades. Os bancos atuam no recebimento de doações de alimentos considerados fora dos padrões para a comercialização, mas adequados ao consumo. Os alimentos são repassados a instituições da sociedade civil sem fins lucrativos que produzem e distribuem refeições gratuitamente a pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar.

Universidade gaúcha é a que mais compra alimentos da agricultura familiar


Brasília – A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é a instituição pública de ensino superior com maior volume de compras feitas por meio da modalidade Compra Institucional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). No ano passado, a universidade gaúcha comprou R$ 6,9 milhões em alimentos da agricultura familiar – quase 65% do total de compras feitas pelas universidades federais.
Em 2017, a UFRGS vai investir R$ 8,2 milhões na aquisição de produtos, o que equivale a 45% do orçamento total da instituição para alimentação. Os gêneros alimentícios são ofertados diariamente a 12 mil alunos e servidores. A ação também fomenta a cadeia produtiva da agricultura familiar, o que contribui para os avanços sociais e econômicos da região.
A nutricionista e diretora da divisão de alimentação da UFRGS, Ludymila Barroso, destaca a iniciativa e a parceria promovida pelo programa. “O aumento do percentual na universidade mostra a importância que damos ao projeto por promover acesso maior de renda aos agricultores e aos alimentos. Por conhecermos a origem e o modo de produção, acabamos oferecendo alimentos mais saudáveis e de ótima qualidade no cardápio”.
Por meio Compra Institucional, a Federal do Rio Grande do Sul já comprou grãos, doces, frutas, hortaliças, carne e sucos orgânicos. Até o dia 4 de abril, está aberto o edital para compra de Leite Integral UHT. O produto irá compor o cardápio das 12 mil refeições diárias servidas nos seis restaurantes universitários, no Colégio de Aplicação e na creche da UFRGS.
A coordenadora geral de Aquisição e Distribuição de Alimentos do MDSA, Hétel Santos, destaca o papel da universidade no desenvolvimento regional. “A universidade compra do produtor que está perto dela. O papel da UFRGS tem sido muito importante pelo fomento”. A legislação atual determina que órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta comprem ao menos 30% dos produtos da agricultura familiar. “Mas a UFRGS já vem fazendo editais específicos e ajudando os produtores fornecerem seus produtos”, reforça.
Todos os editais de compra da agricultura familiar abertos no país estão disponíveis no portal www.comprasagriculturafamiliar.gov.br.

RESPONDENDO AO CHAMADO DA FLORESTA

Está sendo mais um privilégio participar de 8º Fórum Social Panamazônico, na cidade de Tarapoto, Peru. Os mais de mil e quinhentos participantes estão aqui por terem respondido positivamente ao chamado da floresta.
Pode parecer estranho, mas o primeiro sujeito organizador deste Fórum é a floresta. Os seres humanos vivem nesta região porque o bioma Amazônia foi criado pela Mãe Terra, e ele só é vivo e fonte de vida com a sua floresta. É por isso que, na Amazônia, que está sendo destruída, a floresta nos convocou para juntar-nos em defesa de sua vida.
São empresários ricos, interessados em enriquecer ainda mais, os que mais agridem e exploram a Amazônia. O que desejam são os minérios, as águas, a energia, o petróleo e o gás, a soja, o álcool, a carne bovina, as pedras preciosas, e para apropriar-se desses bens comuns e transformá-los em propriedade privada e fontes de grandes lucros, exigem recursos públicos para a construção de grandes obras, e evidentemente, destroem a floresta sem dó nem piedade, ocupam áreas de territórios indígenas, expulsam posseiros, poluem rios, solos e subsolos, colocando em risco a vida da Amazônia que a Mãe Terra criou.
Há muito tempo os povos indígenas estão denunciando o que cientistas confirmaram: sem a floresta, a Amazônia morre, e sem a Amazônia, todo o planeta Terra, e especialmente a América do Sul, enfrentarão grandes dificuldades para manterem-se vivos e fontes de vida. Sabemos que o ciclo das águas que mantém férteis as terras e com vida todos os seres vivos dessa região depende da umidade formada na floresta amazônica, umidade que se espalha através dos ventos que deslocam os rios voadores, rios que mantém, em forma gasosa, mais água do que todo o grande Rio Amazonas.
Então, que vivam, sejam fortes e vitoriosos os povos da Amazônia. E que as decisões e campanhas assumidas pelos participantes do 8º Fórum Social Panamazônico sejam apoiadas e assumidas por muitos outros movimentos, redes, igrejas, entidades da sociedade civil para que, juntos, sejamos capazes de salvar a vida da Amazônia.
E você, amigo e amiga radiouvinte, procure conhecer melhor o bioma Amazônia, e como ele é necessário para que possamos continuar vivos, faça tudo que puder para apoiar as lutas dos povos dos nove países que tem a responsabilidade de cuidar dele.
Ivo Poletto, do FMCJS

A HUMILDADE SOCIOAMBIENTAL


Foi a natureza que lhe deu a água que bebe
O ar que você respira
A biodiversidade que lhe sustenta
O clima ameno que lhe permite viver
 
Foi o operário que fez o ônibus ou o carro que você anda
Foi o agricultor que cultivou o alimento que você come
Foi o padeiro que fez o pão de sua mesa
 
Foi uma equipe de engenheiros que imaginou o celular que você usa
O avião que você voa
A ponte que você atravessa
 
Foi um pesquisador que descobriu o remédio que lhe mantém vivo
A essência que perfuma seu corpo
Os óculos que lhe permitem ainda ver
 
Foi sua mãe e seu pai que lhe deram vida
Foi sua professora que lhe ensinou a arte da escrita
Foi o compositor que fez a música que você ouve
 
Por mais dinheiro que você tenha, jamais poderia viver sem os outros
Por mais mérito que você tenha, sozinho jamais teria os bens que tem
Na natureza e na sociedade recebemos infinitamente m)ais do que tudo que doamos. 
Roberto Malvezzi (Gogó