sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Boletim Agroecológico CPRA | Outubro



PRODUÇÃO ORGÂNICA: QUALIDADE DE VIDA NO CAMPO

Dados coletados pelo CPRA oferecem panorama inédito sobre a qualidade de vida de produtores rurais em 22 propriedades agroecológicas da Região Metropolitana de Curitiba. As notícias são animadoras. Mas desafios ainda precisam ser superados. Leia a reportagem e saiba mais!
 

CRESCE A DEMANDA POR ALIMENTOS ORGÂNICOS

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Intercâmbio agroecológico

Agricultores de São José dos Pinhais visitam propriedade orgânica em Piraquara

[Foto: Henrique Kugler]
Foi uma quarta-feira ensolarada. Naquela tarde, um grupo de agricultores de São José dos Pinhais (PR) — ainda adeptos do modelo convencional de produção baseado no uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos — visitou a chácara orgânica do senhor Mário Seichi Nakui, em Piraquara (PR). Objetivo da visita: demonstrar que outro modelo de produção é possível.
A propriedade de Mário e sua esposa, Elisa, é exemplo de sucesso e eficiência no cultivo de alimentos agroecológicos. A história do casal é longa: eles moraram por quase duas décadas no Japão. Lá, aprenderam tudo sobre agricultura orgânica e, quando voltaram para o Brasil, continuaram a exercer esse modo de produção que valoriza os conhecimentos tradicionais e coexiste em harmonia com a natureza.
Elisa e Mário Nakui mostram sua propriedade agroecológica aos visitantes [Fotos: Henrique Kugler]
Na chácara da família Nakui, chama a atenção a diversidade. “Temos aqui mais de 60 espécies agrícolas, além da criação de animais como galinha, ganso, cabra e peixe”, diz o senhor Mário. “Em termos de comércio, nossos principais produtos são rúcula, alface, agrião, tomate e morango.”
Todos caminharam pela chácara e, ao longo da tarde, puderam observar que o sistema orgânico pode ser, de fato, uma opção viável e rentável para a agricultura familiar.
A propósito, o dia da visita foi marcado por uma curiosa coincidência. Pois, na mesma data, a família Nakui recebeu os técnicos do Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos (PPCPO) e a propriedade, já certificada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) há 12 anos, teve sua certificação renovada. “Nem sempre é fácil conseguir adequar uma propriedade rural à conformidade orgânica, mas o resultado vale muito a pena”, garante o senhor Nakui. Ele se refere à boa saúde da própria família; ao excelente nível de equilíbrio biológico atingido na propriedade; e, é claro, ao preços mais vantajosos que o mercado paga pelos produtos orgânicos.

[Fotos: Henrique Kugler]
Já no caminho de volta para casa, a equipe aproveitou para visitar a chácara da senhora Halina Haruko, também localizada em Piraquara. Ela tem se destacado na produção de morangos orgânicos em sistema elevado — com uma engenhosa estrutura de concreto que chamou a atenção dos visitantes. Hoje, a produção de morangos da senhora Halina é parada obrigatória para os frequentes visitantes que aparecem por conta do movimentado circuito turístico da região.
[Fotos: Henrique Kugler]

Troca de saberes

Muitos produtores rurais ainda são reticentes — ou mesmo céticos — quando o assunto é produção orgânica ou agroecológica. O motivo, em geral, é o mero desconhecimento. Mas os números são incontroversos: no Brasil e no mundo, o mercado para a agricultura de base ecológica só tende a crescer. “Hoje, percebemos muito claramente que a demanda por alimentos orgânicos está cada vez maior aqui em nossa região”, conta a senhora Elisa.
Sensibilizar cada vez mais agricultores para essa nova realidade foi um dos objetivos da visita da última quarta-feira. O evento foi organizado pelo Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA) em parceria com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) para mostrar aos produtores de São José dos Pinhais como funciona a agroecologia na prática.
Atualmente, agricultores da região da bacia do rio Miringuava, em São José dos Pinhais, enfrentam uma situação bastante complexa. Lá, a Sanepar está prestes a inundar parte da área — devido à construção de mais uma barragem projetada para aprimorar o abastecimento hídrico de Curitiba e arredores. Essa nova configuração territorial demandará maior cuidado com a agricultura praticada na região. Para a Sanepar, tratar uma água possivelmente contaminada por agrotóxicos seria um processo bastante caro e complexo. E, para a população, consumir essa água envolveria muitos riscos de saúde.
É por isso que a Sanepar tem todo o interesse em incentivar a agroecologia em São José dos Pinhais. Afinal, as práticas da agricultura de base ecológica não são prejudiciais aos ecossistemas e, ainda, podem ser importantes ferramentas para a preservação dos recursos hídricos. “Portanto, em um cenário ideal, gostaríamos de transformar toda a região da bacia do rio Miringuava num polo de produção orgânica ou agroecológica”, afirma a bióloga e gestora socioambiental Daisy Maia, da Sanepar.
Segundo ela, a região tem grande potencial para isso. “Mas, antes de qualquer coisa, é preciso que o produtor rural tenha vontade de participar dessa transição”, pondera Daisy. “Essa é a parte mais difícil.”
[Fotos: Henrique Kugler]
A conversão orgânica não é um processo tão simples: requer tempo, boa assistência técnica e investimentos. Mas, segundo Daisy, a própria Sanepar está disposta a auxiliar nesse processo — e oferecer condições vantajosas aos agricultores que optem pela conversão dos sistemas convencionais em orgânicos.
Desconfiados, muitos agricultores da região tendem a ser refratários à ideia. “Meu primo começou a produzir orgânicos no Miringuava e mal consegue vender sua produção”, disse uma das agricultoras durante a visita à Chácara Nakui. Entretanto, a história contada pelo senhor José Rosa é bem diferente. Ele, que também é agricultor agroecológico e mantém um propriedade orgânica em São José dos Pinhais, conta que mercado não é problema. “Eu mesmo entrego quase 150 cestas de produtos orgânicos toda semana aqui na região”, contabiliza. “E a procura só vem aumentando.”
Segundo o engenheiro agrônomo Márcio Miranda, diretor-adjunto do CPRA, é natural que os agricultores da região tenham certa resistência a uma realidade nova. “Mas essa resistência acaba fazendo com que muitos não enxerguem a grande oportunidade que a produção orgânica pode trazer para a bacia do Miringuava”, diz. “O CPRA está empenhado em colaborar na capacitação em agroecologia daqueles que estiverem dispostos a iniciar o processo de transição”.
Henrique Kugler

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Minas Gerais sedia simpósio de compras da agricultura familiar

Evento realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) teve o apoio do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda)



Modelo de gestão na área de compras institucionais da agricultura familiar, Minas Gerais sediou no dia 20 de outubro, na Cidade Administrativa, o Simpósio de Compras de Alimentos da Agricultura Familiar. Realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o encontro teve o apoio do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda).

O objetivo do encontro é impulsionar a aquisição de alimentos da agricultura familiar pelos órgãos da administração pública federal, em conformidade com o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA). O simpósio reuniu técnicos da administração federal responsáveis pelas compras de alimentos dos órgãos federais sediados no estado.

Segundo o superintendente federal da Agricultura em Minas Gerais, Eduardo Dumont, o simpósio tem grande significado, pois é mais uma iniciativa que vem reforçar uma política pública voltada para fortalecer as relações entre o poder público e a agricultura familiar do estado e do país. “O PAA Familiar é uma política de êxito para o desenvolvimento econômico e social do campo brasileiro”, completou.

Já o diretor do Departamento de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar, da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, José Paulo De Almeida, o agricultor familiar é, sem dúvidas, a máquina desse país. “As compras institucionais são um processo novo, um mercado aberto que tem muito espaço para crescer. Precisamos comprar além desses 30%”, disse.

Modelo mineiro

Ao dar as boas-vindas aos participantes, o secretário de Estado de Desenvolvimento Agrário, professor Neivaldo, apresentou as ações e políticas adotadas em Minas Gerais para a ampliação das compras da agricultura familiar.

Para o secretário, o fórum é mais uma oportunidade que a agricultura familiar mineira tem para escoar sua produção, beneficiando milhões de mineiros e mineiras. “Um dos primeiros atos do governador Fernando Pimentel foi regulamentar a Lei Estadual 20.608, que instituiu a política estadual de aquisição de alimentos da agricultura familiar. A PAA Familiar determina que no mínimo 30% dos produtos adquiridos pelos órgãos estaduais sejam comprados da agricultura familiar”, disse.

Graças a esse trabalho, pela primeira vez, a agricultura familiar de Minas Gerais conseguiu representar mais de 30% dos recursos destinados à alimentação escolar, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O presidente Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), Glenio Martins de Lima Mariano, afirmou que “os produtos da agricultura familiar têm qualidade, são saudáveis e contribuem para o desenvolvimento econômico do estado”.

“A Seda liderou a estratégia do PAA Familiar. Minas Gerais tem feito a sua parte: no início de 2015, o PAA Familiar foi regulamentado e agora estamos no caminho certo”, afirmou.

Também participou da solenidade de abertura do simpósio a representante da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Renata Seidel. Segundo ela, a questão da segurança alimentar e nutricional é estratégica para o governo do estado.

“Estamos juntos organizando tanto o lado da oferta quanto da demanda. Nosso desafio é consolidar essa política com menos burocracia e adequada à realidade. Nós achamos que a inclusão produtiva tem um viés econômico e social muito forte”, concluiu.

Também apoiaram o evento os ministérios da Defesa, Educação, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e a Casa Civil, por meio da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, além da Emater-MG.

Paraná aplicará R$ 23 milhões na agricultura familiar

O Governo do Estado do Paraná vai investir R$ 23,1 milhões, ainda este ano, em ações para reduzir a pobreza, as desigualdades sociais e promoção da Segurança Alimentar e Nutricional. Com isso, mais de 100 entidades que representam a agricultura familiar, como cooperativas e associações de produtores, indígenas e quilombolas serão contempladas com repasse de recursos.

Os recursos são provenientes do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop) e do programa Pró-rural – Programa de Desenvolvimento Econômico e Territorial - financiado com recursos do Banco Mundial e o repasse ganhou agilidade graças à desbrurocratização da legislação estadual. No final do mês de setembro, o governador Beto Richa revogou a obrigatoriedade de que as organizações da agricultura familiar sejam detentoras da Lei de Utilidade Pública, para acesso a apoio financeiro governamental.

A nova legislação foi aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador. Com a queda dessa medida que era restritiva, a A Secretaria da Agricultura e Abastecimento ganhou uma ferramenta que facilita o fortalecimento da agricultura familiar, das ações de segurança alimentar e nutricional e consequente ampliação do direito humano à alimentação adequada em todo o Estado.

EDITAIS - Com a aprovação da nova legislação, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento agilizou a publicação de editais para apresentação das propostas. O Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável (Deagro) publicou edital que recebeu inscrição de 48 projetos de iniciativas de negócios apresentadas por associações, cooperativas e organizações de produtores, indígenas e quilombolas, que totalizam R$ 14,1 milhões em apoios do programa Pró-rural. Os projetos estão em fase de classificação e deverão receber, em média, R$ 295 mil por entidade.

O Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan) vai operar o repasse de R$ 9 milhões e já publicou um edital de chamamento público às entidades, sendo que 73 delas apresentaram projetos. Todos eles focados em cinco linhas de ação: boas práticas de produção, transformação e/ou comercialização; inovação tecnológica; fomento à produção orgânica; preservação e/ou recuperação ambiental; saneamento básico e proteção de fontes.

Os termos de fomento para esses apoios estão em fase de elaboração e serão assinados com as organizações.

Segundo o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, os projetos técnicos apresentados melhorarão a qualidade de vida dos agricultores. “Teremos melhora também na qualidade dos alimentos disponibilizados à população, além de fortalecer as organizações da agricultura e o desenvolvimento local e regional, criando um círculo virtuoso de resultados”, disse.

A diretora do Departamento de Segurança Alimentar, Valéria Nitsche, ressaltou a importância da diversificação dos projetos apresentados distribuídos em grande parte das regionais. “Com a assinatura dos termos de fomento com essas organizações, a Secretaria de Agricultura contribuirá decisivamente para melhorar a qualidade e diversificação dos alimentos, ampliando a produção de alimentos orgânicos e contribuindo para a preservação ambiental e agregação de renda. Assim, cresce no Estado as práticas sustentáveis, a oferta de alimentos mais saudáveis à população e o Direito Humano à Alimentação Adequada”, afirmou. 
Da SEAB

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

3ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Maringá

No dia 20 de outubro, o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - COMSEA e a Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional de Maringá - CAISAN, realizam a Segunda Etapa da 3ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional nos períodos da manhã e da tarde, no auditório da Pontifícia Universidade Católica - PUC, Av. Duque de Caxias, nº 1020, com o tema: A Intersetorialidade e Consolidação da Política Pública de Segurança Alimentar e Nutricional. O evento integra e encerra a Semana Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional que tem seu início no dia 16 de outubro, eleito pela Organização das Nações Unidas como o Dia Mundial da Alimentação.

A Segunda Etapa foi convocada pela presidenta do COMSEA, por meio da Resolução 003/2017, e uma comissão organizadora, composta por conselheiros do COMSEA e membros da CAISAN, foi constituída para planejar e realizar o evento, atendendo as recomendações e orientações dos Conselhos Estadual e Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

A Conferência é a instância máxima de participação popular e tem por objetivo, além de avaliar os avanços na política pública de SAN e o cumprimento das propostas aprovadas na primeira etapa, estabelecer novas diretrizes e aprovar o Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional.

O encontro contará com uma mesa redonda sobre o tema no período da manhã, que será seguida de debate com a participação da plenária. No período da tarde, a CAISAN fará a apresentação do Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional que será apreciado e deliberado pela plenária.

Todas as pessoas, de diversas áreas de atuação e do conhecimento, podem participar e contribuir com as discussões dessa política pública que se caracteriza por sua interdisciplinariedade e, principalmente, pela atuação articulada entre as diversas políticas públicas e campos de saberes. As inscrições para o evento podem ser feitas no endereço eletrônico: http://www2.maringa.pr.gov.br até o dia 18 de outubro ou até o limite de vagas, que corresponde à capacidade de público do auditório.

Para mais informações, entre em contato com a assessoria técnica do COMSEA por meio do telefone 32216455, 32216456 ou por e-mail: comsea@maringa.pr.gov.br
 

Programação

Manhã
08h00: Recepção e Credenciamento
08h30: Apresentação Cultural: 8h30
08h45: Abertura Oficial 
09h10: Leitura e Aprovação do Regimento Interno
09h30: Mesa Redonda: 9h30
10h30: Debate 
11h30: Intervalo 

Tarde
13h30: Intervenção Cultural 
14h00: Avaliação do COMSEA 
15h00: Apresentação e Deliberação do Plano Municipal de SAN 
16h00: Referendo dos Conselheiros da gestão 2017/2019 
16h30: Encerramento com exposição de produtos
 

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional

Institucional

Fórum lança a campanha Comida é Patrimônio

“Que alimentos (não) estamos comendo?” Essa é a pergunta que o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e...