ACESSO À ÁGUA
Cisterna
Telhadão tem capacidade para captar e armazenar 25 mil litros de água
da chuva para ser utilizada na irrigação do plantio e para criar os
animais
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Foto: Divulgação/MDS |
Brasília –
Damiana de Oliveira Lima, 31 anos, mora na comunidade Tapuio, em Poço
das Trincheiras (AL). Agricultora familiar, nunca teve a oportunidade de
criar animais e de plantar hortaliças e verduras, mesmo que fosse para o
consumo próprio, do marido e dos dois filhos. “Só conseguia plantar o
coentro numa bacia.”
Em 2012, Damiana e família conquistaram sua cisterna para consumo, o
que facilitou o acesso à água mesmo durante a estiagem. Depois, a
agricultora viu a qualidade da alimentação da família melhorar a partir
do momento em que recebeu a Cisterna Telhadão.
Conhecida em Alagoas como cisterna aprisco, a unidade é composta por
um reservatório com capacidade para armazenar 25 mil litros e por um
galpão que coleta a água que cai da chuva e que pode ser utilizado como
galinheiro, pocilga, aprisco (para as ovelhas ou cabras), depósito de
ração ou feno ou para o armazenamento de grãos.
Hoje, a família alagoana, que não tinha condições de manter animais
pela falta de água, já cria mais de 20 cabras, 10 galinhas e deixou de
plantar o coentro na bacia para plantar tomate, cebola, pimentão e
outros produtos em um canteiro produtivo. “A cisterna modificou muito a
minha vida. A seca nos últimos quatro anos é muito pesada. A nossa
salvação é essa cisterna. Tenho água bastante para não me preocupar.”
“Nossa alimentação melhorou 100%. Não é sempre que tínhamos dinheiro
para comprar as verduras ou a ‘mistura’ [carne]. E agora tiramos de
dentro da nossa propriedade”, completa Damiana, que é beneficiária do
Bolsa Família e recebe R$ 289 por mês. Com a transferência de renda, ela
compra os demais alimentos.
A partir de agora, como Damiana, mais famílias poderão ser
beneficiadas com a Cisterna Telhadão. O Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS) publicou norma que padroniza a construção da tecnologia social de acesso à água
para apoiar a produção de alimentos e a criação de animais. “Ao
uniformizar todo o processo, você garante um padrão de qualidade do
processo construtivo e metodológico de todos os parceiros envolvidos na
construção”, explica o coordenador de Acesso à Água para a Produção de
Alimentos do MDS, Vitor Leal Santana.
Ele destacou que o objetivo da padronização das Cisternas Telhadão e
da entrega de mais 160 mil tecnologias sociais de apoio à produção é
melhorar a vida das famílias sertanejas. “Eles têm acesso à água com
mais qualidade e garantem a segurança alimentar e nutricional dessas
famílias.”
A expectativa é de que, até 2017, sejam construídas quatro mil
unidades desta nova tecnologia no Maranhão. O custo unitário estimado é
de aproximadamente R$ 10 mil, que inclui despesas associadas a todas as
atividades necessárias para sua implementação, como mobilização, seleção
e capacitação das famílias, construção do reservatório e da estrutura
de captação, além do custeio operacional.
Tecnologia Social Cisterna Telhadão |
Com a Cisterna Telhadão, a água da chuva é coletada do telhado
de um galpão rústico com 40 m² por meio de calhas e é armazenada em uma
cisterna de placas pré-moldadas de concreto, que constitui um
reservatório cilíndrico e coberto, no mesmo molde das outras cisternas
de placa. Para a construção da parede, são necessárias 78 placas de
cimento para a lateral da cisterna além de outras 81 para a cobertura.
Assim como as demais tecnologias sociais de acesso à água para
produção, o público alvo potencial são as famílias com renda de até meio
salário mínimo per capita, residentes na zona rural do município
e sem acesso à água potável. São priorizadas aquelas em situação de
extrema pobreza, beneficiárias do Bolsa Família, as chefiadas por
mulheres, as com maior número de crianças de 0 a 6 anos, as com maior
número de crianças em idade escolar, as com pessoas com deficiência e as
chefiadas por idosos.
Além de receber a tecnologia social, as famílias participam de
capacitações para gestão da água e da unidade de captação e
armazenamento na produção dos alimentos. Além disso, ainda são
qualificadas equipes de agricultores para a construção das cisternas de
placas.
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