Manter uma
alimentação saudável vai além do querer. Muitas vezes os consumidores
são bombardeados por propagandas e levados a comprar produtos
ultraprocessados sem direito a uma informação clara do conteúdo
nutricional. As altas quantidades de açúcar, sódio e gorduras trans, por
exemplo, aparecem em letras pequenas na parte de trás das embalagens.
Mas já pensou em chegar no mercado e ver ali na parte da frente da caixinha um alerta sobre altos teores de ingredientes que prejudicam a saúde? Essa seria a melhor forma de promover escolhas alimentares conscientes, de acordo com a conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Ana Paula Bortoletto.
“Nós temos uma proposta, baseada no modelo do Chile, que já tem resultados positivos mostrando que as pessoas conseguem entender de fato o que elas estão consumindo quando é colocado um alerta sobre conteúdo alto de nutrientes que são prejudiciais à saúde como açúcar, sódio e gorduras”, explica ela. No modelo proposto, a informação deve vir dentro de um triângulo preto com bordas brancas impresso na parte da frente da embalagem.
A rotulagem de alimentos faz parte de um conjunto de medidas regulatórias para a promoção da saúde que serão discutidas na próxima plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), no dia 11 de abril, em Brasília.
Confira o que diz a especialista:
Nem tudo é culpa sua
Ainda temos na cabeça que é culpa do indivíduo, culpa do que você está comendo, porque não sabe escolher. Mas, na verdade, tem todo um ambiente e diferentes fatores que influenciam nessa escolha [alimentar] e que afetam muito mais que apenas a educação. Claro que educação é fundamental. Mas, se não tiver um ambiente que garanta informação, que tenha oferta acessível, que tenha um preço acessível e que reduza o apelo da publicidade, as escolhas alimentares vão continuar sendo influenciadas por todos esses fatores.
Então, a regulação entra para construir um ambiente que favoreça escolhas mais saudáveis. Hoje, existe um ambiente em que as coisas saudáveis são mais caras, são mais difíceis de serem encontradas e a informação não é clara sobre o que as pessoas estão consumindo. As pessoas não conseguem entender o que elas estão consumindo. Além de o direito à informação estar sendo violado, a gente está culpando demais as pessoas por algo que o ambiente todo está influenciando. Não é à toa que há um grande número de pessoas cada vez mais doente por diabetes, pressão alta, câncer, obesidade. Se a gente não mudar o ambiente através da regulação, a gente não vai conseguir reverter esse cenário. É um problema de saúde pública.
Não dá mesmo pra entender
O apelo publicitário é muito grande e as informações que aparecem não são claras. Quando tem informação sobre composição do alimento, só aparece na lista de ingredientes que está atrás [da embalagem] com uma letra pequena, com contraste de cor péssimo. E, mesmo querendo buscar a informação, a pessoa, por muitas vezes, não consegue.
Você tem o direito de saber
Nesse momento, a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] está avaliando diferentes propostas de melhorar a informação nutricional para o consumidor. Nós temos uma proposta, baseada no modelo do Chile, que já tem resultados positivos mostrando que as pessoas conseguem entender de fato o que elas estão consumindo quando é colocado um alerta sobre conteúdo alto de nutrientes que são prejudiciais à saúde como açúcar, sódio e gorduras. Há uma proposta que foi construída por um grupo de designers da Universidade Federal do Paraná, que analisou todo um contexto de qual o melhor contraste, melhor cor, tamanho da letra. O símbolo é um triângulo preto (veja na imagem).
Nós entendemos que os alimentos que são processados e ultraprocessados, se tiver conteúdo excessivo de açúcar, sódio, gordura saturada, gordura total e a presença de gordura trans e adoçante, tem que ter uma advertência para que as pessoas consigam de fato saber o que elas estão consumindo. Hoje, nas embalagens, só tem destaque positivo como dizer que é integral ou figura de uma fruta que remete a ser saudável mas quando você vai analisar de fato a composição desses alimentos, vê que eles não são saudáveis. Tem que mudar um pouco essa relação, que é muito desigual. O destaque para o positivo é muito grande e a informação dos riscos à saúde não está bem destacada.
Mas já pensou em chegar no mercado e ver ali na parte da frente da caixinha um alerta sobre altos teores de ingredientes que prejudicam a saúde? Essa seria a melhor forma de promover escolhas alimentares conscientes, de acordo com a conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Ana Paula Bortoletto.
“Nós temos uma proposta, baseada no modelo do Chile, que já tem resultados positivos mostrando que as pessoas conseguem entender de fato o que elas estão consumindo quando é colocado um alerta sobre conteúdo alto de nutrientes que são prejudiciais à saúde como açúcar, sódio e gorduras”, explica ela. No modelo proposto, a informação deve vir dentro de um triângulo preto com bordas brancas impresso na parte da frente da embalagem.
A rotulagem de alimentos faz parte de um conjunto de medidas regulatórias para a promoção da saúde que serão discutidas na próxima plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), no dia 11 de abril, em Brasília.
Confira o que diz a especialista:
Nem tudo é culpa sua
Ainda temos na cabeça que é culpa do indivíduo, culpa do que você está comendo, porque não sabe escolher. Mas, na verdade, tem todo um ambiente e diferentes fatores que influenciam nessa escolha [alimentar] e que afetam muito mais que apenas a educação. Claro que educação é fundamental. Mas, se não tiver um ambiente que garanta informação, que tenha oferta acessível, que tenha um preço acessível e que reduza o apelo da publicidade, as escolhas alimentares vão continuar sendo influenciadas por todos esses fatores.
Então, a regulação entra para construir um ambiente que favoreça escolhas mais saudáveis. Hoje, existe um ambiente em que as coisas saudáveis são mais caras, são mais difíceis de serem encontradas e a informação não é clara sobre o que as pessoas estão consumindo. As pessoas não conseguem entender o que elas estão consumindo. Além de o direito à informação estar sendo violado, a gente está culpando demais as pessoas por algo que o ambiente todo está influenciando. Não é à toa que há um grande número de pessoas cada vez mais doente por diabetes, pressão alta, câncer, obesidade. Se a gente não mudar o ambiente através da regulação, a gente não vai conseguir reverter esse cenário. É um problema de saúde pública.
Não dá mesmo pra entender
O apelo publicitário é muito grande e as informações que aparecem não são claras. Quando tem informação sobre composição do alimento, só aparece na lista de ingredientes que está atrás [da embalagem] com uma letra pequena, com contraste de cor péssimo. E, mesmo querendo buscar a informação, a pessoa, por muitas vezes, não consegue.
Você tem o direito de saber
Nesse momento, a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] está avaliando diferentes propostas de melhorar a informação nutricional para o consumidor. Nós temos uma proposta, baseada no modelo do Chile, que já tem resultados positivos mostrando que as pessoas conseguem entender de fato o que elas estão consumindo quando é colocado um alerta sobre conteúdo alto de nutrientes que são prejudiciais à saúde como açúcar, sódio e gorduras. Há uma proposta que foi construída por um grupo de designers da Universidade Federal do Paraná, que analisou todo um contexto de qual o melhor contraste, melhor cor, tamanho da letra. O símbolo é um triângulo preto (veja na imagem).
Nós entendemos que os alimentos que são processados e ultraprocessados, se tiver conteúdo excessivo de açúcar, sódio, gordura saturada, gordura total e a presença de gordura trans e adoçante, tem que ter uma advertência para que as pessoas consigam de fato saber o que elas estão consumindo. Hoje, nas embalagens, só tem destaque positivo como dizer que é integral ou figura de uma fruta que remete a ser saudável mas quando você vai analisar de fato a composição desses alimentos, vê que eles não são saudáveis. Tem que mudar um pouco essa relação, que é muito desigual. O destaque para o positivo é muito grande e a informação dos riscos à saúde não está bem destacada.