É cada vez mais comum encontrar feiras agroecológicas nas grandes
cidades. Fortalecidas pela conscientização da população e pela
auto-organização dos agricultores, essas feiras - também chamadas de
orgânicas - se diferenciam das demais porque só comercializam produtos
sem agrotóxicos ou componentes químicos artificiais que provocam câncer e
outros danos à saúde. No Recife há espaços de comércio de alimento sem
tóxicos que fazem parte da dinâmica do bairro há mais de 10 anos.
O espaço agroecológico mais antigo da capital pernambucana funciona
há 18 anos no bairro das Graças, atrás do Colégio São Luiz. Os feirantes
chegam às 2h da madrugada do sábado e encerram as atividades às 9h.
Também aos sábados acontece a feira agroecológica de Boa Viagem. No Sesc
de Santo Amaro e no CCSA da Cidade Universitária o comércio de produtos
orgânicos acontece nas manhãs das quartas. Na sexta-feira é na praça de
Dois Irmãos que acontece a venda.
Outro diferencial das feiras agroecológicas é que nelas são as
próprias famílias produtoras que comercializam os produtos. Nas feiras
livres comuns a maioria dos feirantes são comerciantes, que compram
produtos nas CEASAs ou com atravessadores e revendem nas feiras.
As famílias que vendem seus produtos nas feiras agroecológicas são
principalmente da Zona da Mata, de municípios como Bom Jardim, Chã
Grande, Gravatá, Lagoa de Itaenga, Pombos e Vitória de Santo Antão. Mas
também há agricultores de Abreu e Lima e Igarassu, na RMR. Essas
famílias são cadastradas junto ao Ministério da Agricultura através de
entidades de agricultores que se regulam para garantir que a produção
seja orgânica. As feiras agroecológicas são importantes para gerar
renda, possibilitando que os agricultores garantam permanência no campo
com dignidade.
Além das vantagens para a saúde, o consumo de produtos da
agroecologia é a melhor opção para o bolso. Pesquisa realizada durante
junho e julho de 2015 pelo Centro Sabiá, organização que assessora os
agricultores, mostra que uma cesta de produtos nas feiras livres é em
média 19% mais cara que nas agroecológicas. Nos supermercados a
diferença é ainda maior: 56% mais caras que nas feiras agroecológicas.
O coordenador de comercialização do Sabiá, Davi Fantuzzi, destaca que
“os preços baixos são reflexo da proximidade entre produtor e
consumidor. Quanto mais atravessadores entre a produção e o consumo,
mais caro fica o produto”. Além do preço baixo, a pesquisa mostra que as
feiras garantem variedade: cada barraca tem em média 29 produtos
diferentes, entre frutas, legumes, folhosos, raízes e seus derivados,
que são os chamados produtos beneficiados: queijo coalho, doces de
compota, licores.
Apesar do preço mais baixo, parte da população ainda não compra ou
mesmo conhece os produtos. “O preço é mais acessível, mas o produto não é
tão acessível assim, porque as feiras costumam estar em bairros de
classe média e média-alta”, pontua Fantuzzi. “Isso acontece porque são
nesses bairros que se concentram a maior parte do público que tem mais
acesso a informação e está consciente sobre a existência de veneno nos
alimentos”.
Ele lamenta que o poder público não enxergue essas feiras como
equipamentos públicos de abastecimento alimentar. “Não há políticas de
incentivo para criar feiras em bairros populares. O governo deveria
ajudar na compra de barracas e veículos para o transporte da produção,
além da divulgação das feiras e na conscientização das pessoas para o
consumo de alimentos saudáveis”. Fantuzzi também reclama do governo do
presidente interino Michel Temer, que extinguiu o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). “E vemos o Governo Federal retrocedendo,
cortando repasse de recursos para a assistência técnica rural. As
famílias agora estão descobertas”.
App para consumo responsável
Para incentivar práticas de consumo responsável, a EITA, cooperativa de desenvolvimento de sistemas, criou o aplicativo Responsa. Com uma base inicial de 3 mil iniciativas registradas, o app apresenta as iniciativas de consumo responsável e trabalho justo mais próximos do usuário.
Para incentivar práticas de consumo responsável, a EITA, cooperativa de desenvolvimento de sistemas, criou o aplicativo Responsa. Com uma base inicial de 3 mil iniciativas registradas, o app apresenta as iniciativas de consumo responsável e trabalho justo mais próximos do usuário.