Foto: Rafael Zart/MDS |
O Brasil tem uma trajetória vitoriosa nas políticas de segurança
alimentar e nutricional. Em 2014, o país saiu do Mapa Mundial da Fome,
da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), graças a políticas que garantiram à população mais renda e maior
acesso a alimentos.
Para aperfeiçoar essas políticas públicas e aprofundar o debate sobre
os desafios, como a promoção da alimentação saudável e o combate à
obesidade, sociedade civil e governo participam, entre terça (3) e
sexta-feira (6), da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional.
Com o tema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e
soberania alimenta”, o encontro vai reunir 2 mil pessoas em Brasília. A
ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello,
participa da abertura do evento nesta terça-feira (3), às 17h.
Todos os estados estão representados na conferência. Dois terços da
delegação serão formados por representantes da sociedade civil,
indígenas, quilombolas, população negra, defesa do consumidor,
militantes das áreas de saúde, educação, acadêmicos e movimentos
urbanos. Além disso, governadores, ministros, parlamentares e delegações
internacionais participam do encontro.
Segundo a ministra Tereza Campello, a conferência é oportunidade para
o país dar um salto ainda maior na agenda de segurança alimentar e
nutricional. “O Brasil avançou muito, mas ainda há muito a fazer. Não
podemos descansar enquanto houver um brasileiro em situação de
insegurança alimentar. Precisamos avançar e ampliar o acesso à
alimentação saudável e avançar também no desenvolvimento de políticas
específicas para públicos com características muito peculiares, como é o
caso dos indígenas.”
Para isso, afirma Tereza, é necessária a colaboração dos governos -
municipais, estaduais e federal - e das entidades da sociedade civil.
“Só tem uma forma de a gente continuar avançando no Brasil: com
políticas públicas, transparência, participação e com controle social.
Os nossos conselhos de segurança alimentar e nutricional [Consea
federal, dos estados e dos municípios] têm de continuar ativos e
participantes para que a gente avance cada vez mais, não apenas
superando a desigualdade, mas melhorando a qualidade da alimentação da
população.”
Uma das prioridades do governo federal é a qualidade da alimentação,
por meio da promoção do acesso a alimentos mais saudáveis,
diversificados e que respeitem a cultura alimentar local. O combate ao
sobrepeso e à obesidade (decorrentes da má alimentação) também está na
agenda para os próximos anos.
Superada a fome, o país atua para reduzir o consumo de alimentos
processados e ultraprocessados, alcançar a recomendação da Organização
Mundial de Saúde no consumo de frutas e hortaliças e dar prioridade ao
consumo de preparações feitas com alimentos in natura e minimamente
processados, como o tradicional arroz com feijão.
Dados do Ministério da Saúde relacionados a indicadores alimentares
nas capitais brasileiras (Vigitel 2014) apontam que 52,5% da população
adulta encontra-se com excesso de peso e 17,9% com obesidade.
Outra pesquisa mais recente, do Instituto Brasileiro de geografia e
Estatística (IBGE), mostra que quase um terço das crianças com menos de
dois anos de idade já bebe refrigerante ou sucos artificiais, cheios de
açúcar. E mais de 60% das crianças comem bolachas e bolos. “O problema
da segurança alimentar deixou de ser a desnutrição crônica e passa a ser
enfrentar a obesidade e os problemas de saúde decorrentes dela. Em
crianças e em adultos”, afirma a ministra Tereza Campello.
Mesmo com o aumento da produção de alimentos, como arroz, feijão,
fruta, verduras e legumes, graças ao fortalecimento da agricultura
familiar, o Brasil ainda precisa de políticas e ações que garantam o
abastecimento e a disponibilidade, além de ajudarem na conscientização d
a população.
“Para que a gente possa proteger as famílias, precisamos ampliar a
oferta de alimentos, mas também construir políticas que conscientizem a
população. Precisamos de campanhas de informação para que o cidadão
saiba que produtos ultraprocessados fazem mal, que aumentam o risco de
problemas cardíacos, de entupimento das veias, de problemas
circulatórios e até de câncer.”
Durante a Conferência, o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) vai propor um amplo pacto que envolva governos,
escolas, sistema de saúde, setor privado e setores ligados à
comunicação. “Assim vamos conscientizar a população e melhorar a oferta
de alimentos, protegendo principalmente as crianças. Esse pacto
caminhará junto com a manutenção de ações de uma agenda construída ao
longo dos últimos anos.”
Fonte: Ascom/MDS